Tratamentos e Procedimentos

Tenotomia do bíceps por artroscopia: guia completo

Saiba como é feita a tenotomia do bíceps por artroscopia, quando indicar e como recuperar.

O tendão da cabeça longa do bíceps cruza a articulação do ombro. Por esse trajeto, ele fica exposto a atrito e sobrecarga ao longo dos anos, o que favorece inflamação e desgaste.

Quando a dor não cede, piora à noite, atrapalha o sono, reduz a elevação do braço e segue limitando a rotina mesmo após um tratamento bem feito, a tenotomia do bíceps por artroscopia pode ser considerada.

Neste material, você vai entender o que é a técnica, para quais perfis ela costuma trazer melhores resultados, o que pode mudar em força e aparência do braço, como tende a ser o pós-operatório e quais sinais pedem atenção durante a recuperação.

O que é a tenotomia do bíceps por artroscopia?

A tenotomia do bíceps por artroscopia é uma cirurgia minimamente invasiva em que o tendão da cabeça longa do bíceps é liberado do seu ponto de inserção no ombro.

Em termos práticos, o objetivo é tirar a tração de um tendão doloroso e degenerado dentro da articulação.

Com isso, reduz-se a inflamação local e a sensação de “fisgada” na parte anterior do ombro, que muitos pacientes descrevem ao elevar o braço ou ao fazer movimentos repetitivos.

O procedimento é feito por vídeo, com pequenas incisões, o que facilita o controle da dor e permitindo iniciar a mobilidade de forma precoce, respeitando as particularidades de cada caso, principalmente quando existe outro reparo associado, como o do manguito rotador.

Como realizamos o procedimento?

A tenotomia do bíceps por artroscopia é feita em centro cirúrgico, com anestesia definida pela equipe (muitas vezes com bloqueio regional para conforto no pós-operatório imediato).

A artroscopia permite visualizar a articulação por dentro e, com instrumentos delicados, liberar o tendão da cabeça longa do bíceps do seu ponto de inserção.

Um ganho importante da artroscopia é a possibilidade de avaliar o ombro como um todo no mesmo ato, identificando lesões associadas que mudam o plano de tratamento, como ruptura do manguito, lesão do labrum ou alterações degenerativas na articulação.

Quando a tenotomia por artroscopia é indicada

A indicação é individual e nasce do conjunto: sintomas, exame físico, imagem e resposta ao tratamento conservador.

Em linhas gerais, a tenotomia do bíceps por artroscopia costuma ser indicada quando o tendão da cabeça longa está claramente envolvido na dor e há sinais de degeneração, instabilidade ou lesão associada que justifique a abordagem.

  • Degeneração do tendão com dor persistente e falha do tratamento conservador.
  • Instabilidade do bíceps por lesão do mecanismo estabilizador (polia), com dor e estalos.
  • Lesões do manguito rotador em que o bíceps participa do quadro doloroso.
  • Lesão tipo SLAP em perfis selecionados, quando a opção por não reparar o labrum traz melhor custo-benefício funcional.
  • Síndrome do impacto com comprometimento do bíceps e sintomas anteriores marcantes.

Benefícios e limitações reais do método

O benefício mais consistente é a melhora da dor anterior no ombro. Muitos pacientes relatam alívio nas primeiras semanas, principalmente na dor que atrapalha dormir e na dor durante elevação do braço.

A artroscopia tende a deixar cicatrizes pequenas e, em vários casos, permite uma reabilitação mais simples.

As limitações precisam ser ditas com clareza:

  • Pode existir mudança no contorno do bíceps (deformidade tipo Popeye).
  • Cãibras ocasionais.
  • Sensação de desconforto no músculo em esforços repetitivos.

Na maioria dos pacientes, a perda de força é discreta e pouco perceptível no dia a dia, mas quem treina pesado ou exige muito do braço pode notar diferença, principalmente em movimentos de supinação e flexão repetitiva.

Como é o pós-operatório

O pós-operatório da tenotomia do bíceps por artroscopia varia conforme os procedimentos que foram feitos juntos.

Se foi uma tenotomia isolada, a tipoia costuma ser usada por conforto por poucos dias, e a mobilidade leve é iniciada cedo.

E se houve reparo do manguito rotador, as restrições seguem o protocolo do reparo, e não o da tenotomia.

Em um cenário comum de tenotomia isolada, o caminho costuma ser assim:

  1. Primeira semana: controle de dor com gelo e medicação prescrita, cuidado com curativos, movimentos leves orientados.
  2. 2 a 4 semanas: ganho progressivo de amplitude, início de fortalecimento leve conforme liberação clínica.
  3. 8 a 12 semanas: fortalecimento mais consistente e retorno gradual a atividades de maior demanda.

Fisioterapia bem direcionada faz diferença para recuperar a mobilidade, reduzir a rigidez e recondicionar a musculatura do ombro.

Sinais de alerta na recuperação

Algum desconforto é esperado no começo. Procure reavaliação se aparecerem sinais como:

  • Febre.
  • Vermelhidão intensa.
  • Secreção na ferida.
  • Piora progressiva da dor depois do período inicial.
  • Perda importante de movimento que não melhora com orientação.
  • Formigamento persistente.
  • Fraqueza que aumenta.

Tenotomia do bíceps no consultório (sem cirurgia) é possível?

Em casos bem selecionados, existe a possibilidade de realizar a liberação do tendão com auxílio de ultrassonografia e técnica percutânea, sem incisões cirúrgicas.

Na prática, isso é considerado quando o paciente tem um perfil de menor demanda, quando não há outras lesões que precisem de correção por artroscopia e quando a indicação está muito bem definida.

Mesmo nesses cenários, a avaliação precisa ser criteriosa, porque a artroscopia permite tratar causas associadas de dor que o procedimento percutâneo não resolve.

Conte com o especialista em ombro

A decisão por tenotomia do bíceps por artroscopia não deve ser automática.

Ela depende de localizar a origem da dor, entender o estado do manguito rotador e do labrum, correlacionar imagem com sintomas e escolher a técnica que faz sentido para o seu perfil.

Um especialista experiente em problemas no ombro costuma oferecer esse olhar completo, orienta expectativas reais sobre estética e força, define o melhor protocolo de reabilitação e acompanha a evolução para reduzir o risco de rigidez, dor persistente e retorno precoce a esforço.

FAQs

A tenotomia do bíceps por artroscopia dói muito?

Costuma doer menos do que cirurgias abertas. A dor é mais forte nos primeiros dias e tende a reduzir bem nas primeiras semanas com medicação e gelo, conforme orientação médica.

Vou perder força no braço?

Na maioria dos casos, a perda de força é discreta no dia a dia. Quem treina pesado ou faz muita repetição pode perceber mais, por isso a escolha entre tenotomia e tenodese precisa ser personalizada.

O braço fica com “Popeye”?

Pode acontecer mudança no contorno do bíceps, que varia de pessoa para pessoa. Em muitos pacientes é sutil, mas é um ponto importante na decisão, principalmente em pacientes jovens.

Quanto tempo para voltar a treinar?

Depende do que foi feito junto. Em tenotomia isolada, exercícios leves podem voltar em poucas semanas, e treinos mais exigentes costumam ficar para 8 a 12 semanas, com liberação clínica.

Preciso de fisioterapia?

Na maioria dos casos, sim. A fisioterapia ajuda a recuperar mobilidade, reduzir dor e orientar a progressão de força sem precipitar sintomas.

Quando a tenodese é melhor?

Quando há alta demanda física, preocupação estética importante, tendência a cãibras ou quando o cirurgião entende que a fixação do tendão melhora o equilíbrio do caso.

Dr. Thiago Caixeta

Especialista em cirurgia minimamente invasiva de ombro e cotovelo em Goiânia, CRM/GO 1329, RQE 8070. Membro da SBOT, SBCOC, SBRATE e SLARD.

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