Reabilitação e Recuperação

Pós-operatório de cirurgia de prótese no ombro

Cuidados, prazos e sinais de alerta no pós-operatório de cirurgia de prótese no ombro, com foco em reabilitação segura.

O pós-operatório de cirurgia de prótese no ombro é a fase que consolida o resultado da artroplastia.

A cirurgia costuma aliviar a dor e destravar os movimentos, só que a recuperação depende de rotina, limites bem respeitados e reabilitação bem orientada.

Saber o que é normal em cada etapa reduz a insegurança e evita erros comuns, como forçar o braço cedo demais ou abandonar exercícios simples que previnem a rigidez.

O que muda no ombro após a artroplastia

Na artroplastia, partes desgastadas da articulação são substituídas por componentes artificiais.

O tipo de prótese varia conforme o problema (artrose, fratura, artropatia do manguito rotador) e isso influencia o plano de reabilitação.

Em termos práticos, o objetivo é reduzir a dor, recuperar a função e devolver a confiança para tarefas do dia a dia, com segurança para os tecidos que foram reparados durante o procedimento.

Pós-operatório de cirurgia de prótese no ombro: linha do tempo

Os prazos mudam conforme a idade, qualidade óssea, tipo de prótese e condição muscular antes da cirurgia.

Use os marcos abaixo como referência e siga o que seu cirurgião e sua equipe definirem para o seu caso.

Primeiras 72 horas

Dor e inchaço são esperados. O foco é controlar os sintomas, proteger a ferida e manter mão, punho e cotovelo ativos.

Gelo costuma ajudar, sempre com proteção na pele e por períodos curtos. A tipoia entra como proteção, não como “cura”, então, o uso correto faz diferença.

Semanas 1 e 2

Nesta fase, prioriza-se a cicatrização e prevenção de rigidez.

Em muitos protocolos, o ombro inicia movimentos passivos ou assistidos, com amplitude limitada e técnica. Atividades leves com o braço junto ao corpo podem ser liberadas, sempre sem carga.

Semanas 3 a 6

É comum manter tipoia por 4 a 6 semanas, com retiradas programadas para higiene e exercícios permitidos.

Progressões de amplitude acontecem de forma gradual. Dor durante exercício pode ocorrer, dor forte e persistente não.

Semanas 6 a 12

Com liberação médica, são incluídos mais movimentos ativos e inicia-se o fortalecimento leve, sem pressa.

Ganho de controle escapular e postura conta muito para o ombro “funcionar” sem sobrecarga. A maioria dos pacientes percebe melhora clara no sono e nas tarefas domésticas simples.

De 3 a 6 meses

O fortalecimento progride, tarefas acima da cabeça passam a ser treinadas, e atividades físicas retornam com adaptações.

Em geral, é quando o ombro deixa de “parecer operado” na rotina, desde que a reabilitação tenha sido consistente.

Cuidados essenciais em casa

Durante o pós-operatório de cirurgia de prótese no ombro, pequenos detalhes evitam dor desnecessária e reduzem risco de complicações, como:

  • Tipoia: use pelo tempo indicado e ajuste a altura do antebraço para não “puxar” o ombro.
  • Banho e curativo: mantenha a ferida limpa e seca, siga a orientação sobre troca de curativos e observe secreção, mau cheiro e aumento de vermelhidão.
  • Sono: dormir semi-inclinado nos primeiros dias costuma ser mais confortável; um travesseiro apoiando o braço reduz a tensão.
  • Gelo: ajuda no controle de inchaço e dor.
  • Roupas: vista primeiro o braço operado e tire por último; prefira camisetas largas e abertura frontal nos primeiros dias.
  • Remédios: use analgésicos conforme prescrição; náusea e constipação podem ocorrer e devem ser comunicadas.

Fisioterapia e exercícios: o que fazer e o que evitar

O ganho de movimento não vem de força bruta. A reabilitação costuma começar com mobilidade controlada, evoluindo para movimento ativo e, só depois, carga.

O padrão mais comum inclui:

  1. Fase inicial: exercícios de mão, punho e cotovelo, movimentos passivos ou assistidos do ombro, treino de escápula e postura.
  2. Fase intermediária: movimento ativo com amplitude progressiva, coordenação e controle da escápula.
  3. Fase avançada: fortalecimento com elásticos e pesos leves, tarefas funcionais e treino específico para trabalho ou esporte.

Evite apoiar o peso do corpo no braço operado, empurrar para levantar da cadeira, carregar sacolas, fazer movimentos rápidos acima da cabeça e “testar força” nas primeiras semanas.

Dirigir, trabalhar e voltar a treinar

A volta da autonomia acontece em etapas.

  • Direção geralmente é considerada quando há segurança para controlar o volante e não há uso constante de analgésicos sedativos.
  • Trabalho de escritório pode retornar mais cedo, com ajustes de ergonomia.
  • Trabalho braçal e tarefas com peso exigem liberação mais tardia.
  • Musculação e esportes acima da cabeça, na prática, costumam ficar para a fase em que força e controle já voltaram, o que pode levar meses.

Sinais de alerta e possíveis complicações

Complicações são incomuns, só que é importante reconhecer os sinais que pedem contato imediato com a equipe. Procure avaliação se houver:

  • Febre.
  • Calafrios.
  • Dor que piora rápido.
  • Secreção na ferida.
  • Vermelhidão que se expande.
  • Falta de ar.
  • Inchaço importante no braço.
  • Perda súbita de força na mão.
  • Sensação de “sair do lugar” no ombro.
  • Dor incapacitante após um movimento brusco.

Acompanhamento médico e revisões

Consultas de revisão permitem ajustar a tipoia, liberar fases da reabilitação e confirmar posição da prótese quando necessário.

Geralmente, há retorno na primeira semana, depois entre 3 e 6 semanas, em torno de 12 semanas e, mais tarde, em 6 a 12 meses.

Depois disso, revisões periódicas com o cirurgião ortopedista de ombro ajudam a acompanhar a função e o desgaste ao longo dos anos.

FAQs

Quanto tempo vou usar tipoia?

O mais comum é entre 4 e 6 semanas, com retiradas orientadas para higiene e exercícios. O tempo exato depende do tipo de prótese e do que foi reparado durante a cirurgia.

Quando posso tomar banho normalmente?

Depende do curativo e do fechamento da ferida. Em geral, banho com proteção é liberado cedo, e imersão (piscina, banheira, mar) só depois de a pele estar bem selada e liberada pelo médico.

O que é normal sentir nas primeiras semanas?

Dor controlável com remédio, sensação de rigidez, inchaço e dificuldade para dormir são comuns. Formigamento persistente, dor forte progressiva e secreção na ferida não entram no pacote do esperado.

Quando a fisioterapia começa?

Muitas rotinas iniciam com exercícios simples já no hospital e seguem em casa desde o início. Sessões estruturadas e progressões de movimento acontecem conforme liberação médica.

Quando posso voltar a dirigir?

Quando você consegue controlar o volante com segurança, sem depender da tipoia no dia a dia e sem remédios que causem sonolência. O prazo varia bastante, então vale combinar isso na consulta de revisão.

O pós-operatório de cirurgia de prótese no ombro sempre leva muitos meses?

A melhora funcional vem em ondas. Atividades simples podem voltar em semanas, já força e movimentos acima da cabeça exigem mais tempo. Uma recuperação completa costuma ser medida em meses, com evolução mais rápida quando o paciente segue o plano e evita sobrecargas precoces.

Dr. Thiago Caixeta

Especialista em cirurgia minimamente invasiva de ombro e cotovelo em Goiânia, CRM/GO 1329, RQE 8070. Membro da SBOT, SBCOC, SBRATE e SLARD.

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