Patologias do Ombro

Artropatia pseudogotosa do ombro: o que é, sintomas e tratamento

Dor e inchaço agudos no ombro podem ser artropatia pseudogotosa do ombro. Veja sinais e opções de tratamento com segurança.

A artropatia pseudogotosa do ombro acontece quando cristais se depositam dentro da articulação e irritam o tecido sinovial, causando crises de inflamação.

O ombro pode inchar, ficar quente, doer muito e perder movimento em pouco tempo. Para quem treina, trabalha com os braços ou já tem desgaste no ombro, o impacto no dia a dia costuma ser grande.

O desafio é que esse quadro pode se parecer com tendinite, bursite, artrose comum e até infecção articular.

O caminho mais seguro é entender o padrão dos sintomas e buscar confirmação diagnóstica com exame físico e exames complementares.

Artropatia pseudogotosa do ombro: sinais que chamam atenção

A crise típica costuma ser bem característica. Os sinais mais comuns são:

  • Dor forte, que pode começar de repente ou piorar rápido em 24–48 horas.
  • Ombro inchado, quente e sensível ao toque.
  • Dificuldade para elevar o braço, rodar o ombro, vestir roupa ou pentear o cabelo.
  • Piora à noite, com dor para dormir sobre o lado afetado.
  • Sensação de rigidez e travamento, como se a articulação estivesse presa.

Em alguns pacientes, a dor irradia para o braço e para o pescoço, confundindo com problemas do manguito rotador ou irritação cervical.

O que é “pseudogota” e por que ela aparece no ombro

Pseudogota é um nome popular para inflamações causadas por cristais de pirofosfato de cálcio (muita gente encontra a sigla CPPD em laudos).

Esses cristais podem se formar na cartilagem e em estruturas ao redor do ombro. Quando “soltam” para dentro da articulação ou inflamam a sinóvia, o corpo reage com dor e inchaço.

Algumas pessoas têm crises esporádicas, enquanto outras apresentam repetição ao longo do tempo, com risco de rigidez e desgaste progressivo.

Quem tem mais chance de desenvolver o problema

Não existe uma única causa. O risco tende a aumentar com o tempo e com certas condições associadas. Entre os fatores mais vistos na prática clínica:

  • Idade mais avançada.
  • Histórico familiar de doença por cristais.
  • Episódios prévios em outras articulações (joelho, punho, tornozelo).
  • Alterações metabólicas que favorecem depósitos de cristais, avaliadas caso a caso.
  • Situações de estresse físico, pós-operatório ou piora de doenças sistêmicas podem precipitar crises em algumas pessoas.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico confiável reúne história clínica, exame físico e exames. O que costuma entrar na avaliação:

  • Radiografia: pode mostrar calcificações e sinais compatíveis com depósito de cristais.
  • Ultrassom: ajuda a identificar líquido e inflamação, podendo guiar punção quando necessário.
  • Ressonância: útil quando há dúvida com lesões do manguito rotador, cartilagem e outras causas de dor persistente.
  • Punção articular (quando indicada): coleta de líquido para procurar cristais e afastar infecção. Esse passo é decisivo em muitos casos.
  • Exames de sangue: servem como apoio para avaliar a inflamação e ajudar na triagem, principalmente quando existe suspeita de infecção.

Se a dor é forte, com calor local e derrame, vale consultar um especialista referência em ombro para decidir rapidamente se há necessidade de punção e quais exames realmente mudam a conduta.

Tratamento da crise: foco em desinflamar e recuperar a função

O objetivo é controlar a inflamação, aliviar a dor e retomar o movimento com segurança.

A escolha do tratamento depende da idade e do histórico clínico do paciente. Condutas usadas com frequência:

  • Repouso relativo por poucos dias, sem “travar” o ombro por semanas.
  • Gelo por períodos curtos ao longo do dia.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios, quando não há contraindicação.
  • Colchicina em situações selecionadas.
  • Corticoide por via oral ou infiltração intra-articular, quando bem indicada.
  • Aspiração do líquido articular em casos de grande derrame e dor intensa.

A melhora pode vir rápido quando a abordagem é bem direcionada. Forçar treino pesado durante a crise costuma piorar e prolongar sintomas.

Reabilitação após a crise e prevenção de recorrência

Depois que a inflamação reduz, entra a fase que evita o retorno precoce: recuperar a mobilidade e estabilidade do ombro. Um plano bem conduzido costuma incluir:

  • Exercícios graduais de amplitude de movimento.
  • Fortalecimento do manguito rotador e estabilizadores da escápula.
  • Ajuste de sobrecargas no treino e no trabalho, com progressão de carga.
  • Revisão de técnica em movimentos acima da cabeça, quando aplicável.

Em casos recorrentes, é comum investigar fatores associados e montar uma estratégia preventiva com acompanhamento.

Sinais de alerta: quando buscar atendimento rápido

Procure avaliação sem demora se houver:

  • Febre, mal-estar forte.
  • Vermelhidão intensa e dor incapacitante.
  • Incapacidade de mover o braço após trauma.
  • Imunossupressão ou uso de medicações que reduzem defesa do organismo.
  • Piora progressiva mesmo com analgésicos simples.

Nessas situações, descartar infecção e outras urgências vem antes de qualquer tentativa de “aguentar e esperar passar”.

Dr. Thiago Caixeta

Especialista em cirurgia minimamente invasiva de ombro e cotovelo em Goiânia, CRM/GO 1329, RQE 8070. Membro da SBOT, SBCOC, SBRATE e SLARD.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo