Tenossinovite do bíceps: sintomas, causas e tratamento
Descubra como tratar a tenossinovite do bíceps e aliviar a dor.

A tenossinovite do bíceps é uma inflamação da bainha que envolve o tendão do bíceps. A dor costuma aparecer na parte da frente do ombro ou do cotovelo, muitas vezes acompanhada de estalos e dificulta alguns movimentos.
Nos próximos tópicos, explico o que costuma provocar o quadro, como reconhecer os sinais, quais exames ajudam a confirmar o diagnóstico, as opções de tratamento e hábitos simples para evitar novas crises.
O que é tenossinovite do bíceps
O tendão do bíceps desliza dentro de uma bainha que produz líquido lubrificante. Quando essa bainha inflama, o deslizamento perde a eficiência e surge a dor.
A tenossinovite do bíceps pode surgir no tendão da porção longa, no ombro, ou na fixação distal, próxima ao cotovelo.
O bíceps dobra o cotovelo, gira o antebraço e ainda dá suporte ao ombro. Quando o tendão inflama, até coisas simples incomodam — virar a maçaneta, pegar algo no alto, levar a mão ao bolso.
Causas e fatores que aumentam o risco
O quadro costuma nascer de sobrecarga repetida, gesto técnico ruim no treino, retorno apressado após pausa e falta de força ou mobilidade. Quedas e impactos diretos também entram na conta.
Doenças como artrite reumatoide, diabetes e gota aumentam o risco de inflamação.
Em esportes de arremesso e na musculação, o problema aparece quando a carga evolui sem planejamento — progressão mal feita, volume alto e descanso curto.
- Movimentos repetitivos acima da cabeça, como arremesso e natação.
- Levantamento de peso sem preparo, falha na ativação escapular.
- Postura e ergonomia ruins em atividades de trabalho.
- Aquecimento curto e ausência de alongamentos específicos.
- Histórico de tendinite, tendinopatia ou lesões no ombro e cotovelo.
Sintomas
O sintoma mais comum é dor na frente do ombro ou do cotovelo, que piora ao flexionar o cotovelo, elevar o braço ou girar o antebraço.
Pode haver inchaço leve, calor local e sensação de clique ao mover a articulação. Em fases mais intensas, a dor aparece em repouso e acorda durante a noite.
- Dor à palpação no sulco bicipital ou na dobra do cotovelo.
- Estalos ao mover o braço, com sensação de atrito.
- Perda de força para segurar, puxar ou elevar objetos.
- Rigidez matinal e desconforto após esforço repetido.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico é clínico, baseado na história e em testes específicos no exame físico.
Exames de imagem confirmam o diagnóstico:
- Ultrassonografia pode mostrar inflamação da bainha, acúmulo de líquido e espessamento do tendão.
- Ressonância magnética ajuda quando há suspeita de lesões associadas, como comprometimento do manguito rotador ou instabilidade da porção longa do bíceps.
Tratamento
O tratamento inicial é conservador. A meta é reduzir a dor, controlar a inflamação e restaurar o deslizamento do tendão. Ajustes de rotina e reabilitação bem guiada resolvem a maioria dos casos.
Controle da dor e inflamação
- Repouso relativo, evitando movimentos que disparam a dor.
- Gelo por 10 a 15 minutos, 2 a 3 vezes ao dia nas primeiras semanas.
- Calor leve antes dos exercícios terapêuticos, por 10 a 15 minutos.
- Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios conforme orientação médica.
Fisioterapia focada na causa
A reabilitação deve corrigir a mecânica do ombro e do cotovelo, melhorar o controle escapular e trabalhar força e mobilidade do bíceps sem irritar a bainha.
A progressão é gradual, com foco em tolerância de carga.
Terapias auxiliares e procedimentos
- Bandagens funcionais e órteses podem dar suporte temporário em fases dolorosas.
- Injeção de corticosteroide na bainha do tendão pode ser considerada em casos selecionados, sempre com técnica guiada por imagem.
- Cirurgia é reservada para falha do tratamento conservador prolongado ou quando há lesões estruturais associadas.
Retorno ao treino e ao trabalho
O retorno é liberado quando a dor está controlada, a força foi recuperada e os movimentos são realizados sem compensações.
Em arremessadores, a progressão deve respeitar o volume, intensidade e técnica, com pausas programadas.
Em musculação, reintroduza puxadas e roscas com carga leve, controle de tempo sob tensão e atenção à postura escapular.
Como prevenir novas crises
Para prevenir recidivas, siga essas orientações:
- Aqueça com movimentos ativos e séries leves antes do treino.
- Faça progressão de carga planejada, com dias de recuperação.
- Fortaleça rotadores externos, serrátil e trapézio médio e inferior.
- Cuide da mobilidade torácica e do alongamento de peitorais.
- Ajuste ergonomia no trabalho e variações de tarefa ao longo do dia.
Quando procurar avaliação
Busque avaliação se a dor persiste por mais de duas semanas, se há perda de força súbita, sensação de estalo com deformidade, ou se os sintomas pioram mesmo com descanso e medidas simples.
Em quem tem doenças reumatológicas ou diabetes, a investigação precoce evita cronificação.
Perguntas frequentes
Tenossinovite do bíceps e tendinite são a mesma coisa?
Não. A tendinite envolve o tendão, já a tenossinovite ocorre na bainha que envolve o tendão. Elas podem aparecer juntas, gerando dor mais intensa e estalos ao mover o braço.
Preciso parar totalmente de treinar?
Na fase dolorosa, reduza as cargas e evite movimentos que disparam a dor. Com orientação, é possível manter treinos alternativos enquanto a tenossinovite do bíceps melhora.
Gelo ou calor, qual usar?
Use gelo para aliviar dor e inchaço nas primeiras semanas. Aplique calor leve antes dos exercícios terapêuticos para facilitar o movimento.
Quando a injeção é indicada?
Quando a dor não cede com medidas conservadoras e a inflamação da bainha está bem localizada. A decisão é individual, com avaliação clínica e, idealmente, guia por imagem.
Quanto tempo leva para melhorar?
Em muitos casos, 4 a 8 semanas com reabilitação consistente. Casos crônicos podem levar mais tempo. A adesão ao plano de exercícios é determinante.